O fundamentalismo religioso e o cientificismo: Alternância de fanatismo?

O Brasil foi "fundado" por um povo resumidamente católico: os portugueses no século 16, porém outras religiões ou espiritualidades já existiam aqui, afinal o território que hoje chamamos de Brasil, era ocupado por cerca de 900 povos diferentes entre si, com um total aproximado de 1.000 idiomas; Essas religiões/ espiritualidade foram oprimidas pelos colonizadores portugueses, sejam com a catequização feita por jesuítas, ou por meios mais toscos e brutais como ataques dos sertanistas paulistas (bandeirantes) etc. Com o aumento do tráfico de escravizados da África, outras religiões surgiram no Brasil, mas foram alvo de perseguições de modo não muito diferente dos indígenas... Em suma, até o século 20 a religião dominante do Brasil foi a mesma de Portugal: a católica apostólica romana. Esta é uma visão geral da história da religião no Brasil; existem uma série de pormenores dos quais não devo abordar em um único texto, pois não quero escrever uma tese de mestrado aqui, nem um livro. 

O assunto que está me chamando atenção no momento é o retorno do cientificismo, mas o que ele tem a ver com religião? Bom, ele é, ao menos aparentemente, uma resposta compreensível para o fundamentalismo típico de religiões que se tornaram ferramenta de poder há muito tempo. Obviamente, as religiões ou espiritualidade de minorias ou de massas sem poder algum, dificilmente podem se tornar ferramenta de poder, então é compreensível que o cientificismo seja uma resposta às influências do catolicismo ou do protestantismo na sociedade (embora existam cientificistas que ataquem outras religiões também). Mas o que é cientificismo? Eu gostaria que a maioria das pessoas já soubessem o que é isso neste início de século 21, mas acho que devo apresentar um breve resumo: Cientificismo é o movimento de cientistas, "acadêmicos" ou admiradores da ciência, que prega que a ciência é o único meio de se construir conhecimento, ou o meio mais confiável e portanto, superior a todos outros. E ele pode parecer natural para qualquer um que goste de estudar ou procura entender o mundo, o universo etc, porém o problema é que o cientificismo geralmente prega a visão dominante de ciência como dogma e seus difusores raramente reconhecem ou assumem que estão propagando esta idéia enviesada. O cientificismo ao pregar a superioridade da ciência, geralmente despreza ou nega os elementos das religiões, tais como espírito, fenômenos não explicados pelo empirismo, divindade, universalidade do bem e elementos da filosofia, como a presunção da ignorância/ suspensão de pressupostos, o diálogo, chegando às vezes a ignorar ou deturpar até mesmo a ética. O cientificismo geralmente se apoia em uma visão de mundo / pressuposto materialista que tende a convergir com o niilismo (o argumento de que não há nada além da "matéria" perceptível/ mensurável) e alguns exemplos de cientificismo na história também se apoiaram no biologismo. Por este último motivo ele deve ser comum entre estudiosos de áreas como medicina e biologia, mas também pode ocorrer em qualquer área da ciência. 

Enfim, já expliquei sobre os perigos de tais movimentos em vários textos, então vamos à sua relação com o fundamentalismo religioso: O fundamentalismo religioso surge em religiões que são ferramentas de poder, ou seja, são autoritárias de um modo velado, ou de modo notório; São doutrinas dogmáticas, ou seja, cheias de certezas e leis inquestionáveis de um suposto Deus todo poderoso. Estas religiões não necessariamente concordam entre si de modo unânime sobre Deus: O Deus da Igreja Universal por exemplo, como explicado em seus programas de rádio (que escuto quase diariamente à contra gosto), está sempre prometendo "unções" aos seus fiéis. Esta unção seria uma suposta proteção e "selo de aprovação" de que você faz parte da igreja deles caso participe de seus eventos, sejam cultos ou qualquer outra coisa que eu desconheço. Proteção contra o quê? Não tenho certeza, porque não acompanho mais do que os repetitivos programas de rádio que frequentemente convocam seus fiéis para unções e apresentam "milagres" operados por seus pastores. Estes milagres são supostas soluções de problemas familiares, dificuldades profissionais ou financeiras etc (nada de novo, pois muitos pastores espalham tais discursos desde meados do século passado). 
Outras religiões protestantes estão mais empenhadas em propagar o fim do mundo e citam com elevada frequência "o demônio", "satanás", enfim, o opositor de Deus... Praticamente um dualismo ao invés de um monoteísmo, pois o capiroto para estes, parece tão poderoso quanto Deus (a última vez que vi esses, foi quando retirei meu "ex" carro de uma oficina em 2023 e me deram um livretinho desta religião). Mas porquê falam tanto do fim do mundo e do rival de Deus? Esse não é um discurso novo, mas não sei dizer exatamente quando surgiu. Imagino que tal doutrina seja uma ferramenta de poder sim, para deixar os fiéis com medo constantemente, pois isso combina com o velho discurso de que "se você não seguir nossas regras rigorosamente, o diabo vai te pegar" e com a acusação que todas outras religiões estão em erro ou são "obras do inimigo". Assim como teologias da prosperidade e do domínio, essas doutrinas religiosas têm uma finalidade: manter o poder de um pequeno grupo de líderes religiosos - seja através do enriquecimento e acúmulo do dinheiro, ou através da criação do discurso "nós e eles" evidente na idéia de "unção" dos fiéis.

Eu poderia buscar discursos manipuladores de outras religiões, mas já deu pra sacar o porque surgiu uma reação à tanto absurdo e além do mais o catolicismo pela 1ª vez na história do Brasil está sendo ultrapassado pelo protestantismo ("evangelismo") de acordo com fontes atuais das quais não anotei e não as citarei por enquanto. (embora o fenômeno seja aparente...) As igrejas evangélicas dos pastores mais enriquecidos detém um poder enorme: influenciam não só a política e as mídias, como já têm muita força na economia e até em setores de segurança do país, como a PM paulista, por exemplo (policias que deveriam servir o estado e à sociedade, fazem a segurança de templos evangélicos, assistem cultos e palestras de pastores em expediente etc). Então é natural que uma classe de estudantes, cientistas, intelectuais reajam a este movimento conservador e/ ou obscurantista crescente: Isto não é novidade, apesar do Brasil ter suas particularidades; O cientificismo já existia por exemplo no século 19 e teve seu apogeu com o positivismo, movimento que durou praticamente até as duas ou três primeiras décadas do século 20! Embora no século 19 as igrejas fossem mais poderosas devido a uma possível falta de instrução das pessoas, o que gerou os maiores conflitos do mundo, pouco tem a ver com religiões, pois foram as crises do liberalismo, um sistema econômico e "social" charlatão (que causa prejuízo às massas beneficiando uma minoria), aliadas a um saber completamente apartado da ética: A ciência que gerou armas químicas na primeira guerra mundial e armas de destruição em massa na segunda! Essa ciência antiética era positivista, biologista, racista e materialista-niilista! Poucos foram os cientistas (Einstein, entre eles) que criticaram a pesquisa para fabricação de armas! Armas existem com um só objetivo e não é o de proteção: é o de matar! 

Após as duas guerras mundiais, a ideia de modernidade começou a ruir: Tal ideia de base iluminista, pregava que o homem tinha alcançado seu ápice com a filosofia natural que passou gradativamente a ser chamada de ciência com a invenção da palavra cientista, mais ou menos na mesma época do positivismo (primeira metade do séc 19); Apesar do abalo, as classes dominantes ainda tentavam suas cartadas: com o advento dos meios de comunicação em massa, os protestantes/ evangélicos passam a utilizar cada vez mais a televisão para promover suas igrejas e o cientificismo ganha um novo fôlego com as descobertas na área de genética (biologia) - seguindo esse movimento, o comportamentalismo ganhou força nos EUA, indicando uma aproximação da psicologia com a medicina/ biologia. 

Porém, nos anos 60, são realizados uma série de movimentos e reivindicações populares que marcam o que alguns estudiosos chamam de pós modernidade: o racionalismo frio e niilista por trás das duas guerras mundiais era combatido com o movimento "paz e amor", lutas anti-racistas, feminismo, movimento pela liberação do uso de psicoativos, sincretismo religioso entre ocidente e oriente (new age) entre outras manifestações. Apesar de tantas manifestações, muitas reinvindicações foram ignoradas ou suprimidas, enquanto outras foram ganhando espaço lentamente. As igrejas protestantes/ evangélicas agora dominadas pelo movimento neopentecostal não perderam poder algum com o passar dos anos - pelo contrário passaram a crescer no Brasil e em outros países. E aqui começo minha crítica à inutilidade do cientificismo: O que ele fomentou? Uma construção de conhecimento ética? Não; porque como vimos, na guerra fria, a química e a física foram capitaneadas pela criação de armas; A psiquiatria (medicina) continuava repleta de atrocidades desde a escravização existente no séc 19 até mais da metade da Guerra Fria no séc 20... O que o cientificismo combateu então? O abuso de autoridade de pastores e padres? Suas violências, seus interesses em enriquecer às custas das massas? Também não!

Desde por volta de 2019 estive vendo o crescimento (ou retorno) do movimento cientificista no Brasil e este, seja uma resposta ao fundamentalismo religioso ou não, é um movimento que prega a velha visão de uma elite européia decadente e arrogante - uma visão que propaga indiferença e egoísmo, tanto é assim que atualmente ela já ganha uma força apartada de movimentos pró sociedade, e de movimentos contra preconceito e a favor de oprimidos. Aqui vejo alguns perigos: como psicólogo de formação, o espalhamento da visão biologista na psicologia ataca abordagens humanistas e existenciais, seja diretamente ou indiretamente. O cientificismo, priorizando o método de investigação, acaba deixando em segundo plano a finalidade dos estudos ou da profissão, correndo o risco de até mesmo separar a construção de conhecimento da ética, uma vez que esta não é da área de estudos da ciência; Cheguei a ouvir um professor falar isso abertamente numa palestra: que a psicologia (comportamental) como ciência não se ocupa (e não deve se ocupar) da ética. Minutos depois ele citou a importância da finalidade social da psicologia... Então me perguntei: "Ué, finalidade social não é ética? Existe um fim social "neutro" ou antiético?" Pois bem, então se isso não for cientificismo, é porque a ciência mais aceita na academia se propõe a ser "neutra", permitindo o retorno das atrocidades mencionadas anteriormente e de outras também. Todas atrocidades na história da ciência mostram que nunca houve neutralidade na construção de conhecimento nem em qualquer outra área da civilização humana. 
O "cientista" que prioriza o método acima de tudo, esquece ou ignora a finalidade da construção de conhecimento que deveria ser ética! Ele se ocupa de discursos de finalidade dúbia como (exemplos simplificados): "Deus é uma invenção"; "Profeta x ou y não existiu", entre muitas insinuações de que a questão da relação entre mente e corpo está resolvida, alma não existe, espíritos não existem, campos eletromagnéticos dos orgãos humanos são só efeitos colaterais ou residuais (como se não tivessem causa nem finalidade), psicologia de verdade é só comportamental, fora tantas outras banalidades que miram em práticas culturais, religiosas etc.

E o que é a ética da qual os cientificistas se afastam, tanto voluntariamente como involuntariamente? 
Com certeza não é o que fundamentalistas religiosos falam, nem o que neoliberais amantes do dinheiro acham... Um dos maiores estudos sobre ética foi feito no período inicial da filosofia ocidental: Platão trata dela em grande parte de suas obras: para o autor, a construção de conhecimento verdadeiro não pode ser apartada de valores imutáveis e unos - apesar da linguagem talvez esquisita de sua época e local, é notório que o autor prioriza o conhecimento que busca o bem de todos (universal), do coletivo, ou do maior número de pessoas possível. Tudo isso através do diálogo alicerçado na presunção da ignorância - esta postura que a fenomenologia traz de volta à construção de conhecimento na virada do séc 19 ao 20, sob o nome de ausência (ou suspensão) de pressupostos - afinal pressuposição em prática, é preconceito. O fundador da filosofia ocidental então dialogava criticamente, mas não destrutivamente com cosmovisões (em Sofista e Fédon), mitos populares (em Político e A República) e com práticas espirituais e experiências místicas (em Fedro e Ion). Platão condenava o interesse particular na construção de conhecimento (em Górgias, Apologia, A República, Fédon, Filebo entre outros textos) e na política, traçando uma relação entre a epistemologia e sua serventia pública, para o estado e a sociedade. Se a ciência deve se apartar de tudo isso... O que ela se tornou? Uma arena de intelectualistas? Clubes de ditadores de regras sobre o que é a verdade, sem buscar a melhoria da humanidade. Sem ética e sem função social? Ignorando o que há de humano... no ser humano?

 

 

Sobre lembranças, esquecimentos e o sono

Este é mais um texto envolvendo o que entendo por sentido de vida e espiritualidade e comecei a desenvolvê-lo a partir de questões como: Porque esquecer das coisas? O que esqueço e o que me lembro?

Muitas vezes lembro-me de coisas imprestáveis tais como velhos gostos musicais, jogos eletrônicos e eventos históricos fúteis de minha vida; Outras vezes lembro-me de coisas que parecem oscilar entre o descartável e o útil como conteúdos de história que estudei; alguns são construtivos, enquanto outros são muito pontuais e difíceis de se encaixar num contexto atual. Lembro também de algumas outras coisas que são mais importantes, como por exemplo, o amor e a educação que recebi em minha infância e determinados assuntos da psicologia...

Mas o que eu esqueço? Não deveria esquecer só o que é inútil, nocivo ou coisas assim? Bom... não é o que acontece. Esses dias me lembrei de pensamentos esdrúxulos que eu tinha no passado: variados entre si. 

Porquê? Não tenho certeza, mas espero que seja para aprender e me afastar completamente de tais coisas podres. A palavra "podre" aqui (que tem uma carga sentimental negativa, de aversão) se refere a gostos materialistas de coisas passageiras, coisas que podem viciar e coisas que envelhecem/ morrem/ apodrecem, e também se refere a preconceitos, sentimentos inúteis como os vingativos que eu tive por muitos anos etc.

Além de lembrar de tais coisas, frequentemente esqueci vários assuntos que se referem a mim mesmo; a minha melhoria como ser humano, para desenvolver paciência, tolerância, atenção em mim e nos outros etc. São "valores" que fazem sentido para mim...

Talvez outras pessoas também passem por isso, mas só posso falar com precisão sobre mim mesmo; minha mente se parece algo muito inoperante com certa frequência: lerda e traiçoeira com os próprios objetivos. Às vezes parece chegar a um ponto de contradição que me faz perguntar se sou eu mesmo que me afasto das coisas que almejei ou se sou arrastado por outros... mas que outros?

Passo por um período bastante solitário, então por a culpa nos outros não me parece convincente; E mesmo que tivesse interferência de outros, eu não seria capaz de resistir tamanhas imbecilidades?

Tentemos ressaltar alguns exemplos: Se ouço em um bar ou mercado, um homem pronunciar falas fascistóides (pró violência, repressão e militarismo) como se conhecesse do assunto de política externa dos EUA ou de Israel... Eu deveria ficar irritado? Qual é a relevância disso? E se há alguma relevância, como por exemplo, se tal homem convencesse o grupo de pessoas que frequenta o estabelecimento? Eu deveria ficar indignado? Acho que não, mas mesmo assim, eu fiquei...

Se conheço uma pessoa com um ou mais transtornos psicológicos e essa pessoa tem um comportamento rude que seria inesperado para um leigo, mas que não é para mim (psicólogo de formação)... Porque não me submeter à rudeza de tal pessoa que não põe minha saúde em risco algum? Porque retrucar de modo quase ou tão rude quanto? Eu deveria me submeter à rudeza que, no caso, era praticamente dar as costas à pessoa e ir embora.

Se um ou mais vizinhos (todos adultos) não possuem bom senso e durante o dia ouvem música que não gosto em um volume de estremecer as janelas do meu apto... Eu posso me incomodar e até tentar reclamar (preferencialmente no diálogo), mas preciso ofendê-los mentalmente? Há grande diferença em ofender mentalmente e fisicamente? Não, a diferença é pequena, porque sei que a mentalidade não é menos importante do que ações perceptíveis pelos sentidos humanos.

Pois bem, estive falhando em todas essas questões e decepcionando a mim mesmo. O que me falta? Força de vontade? Alguma atitude? Ambas as coisas? Só sei que permanecer em tal inércia psíquica e moral para mim é bem angustiante. 

Em algumas noites (não contei quantas, embora eu fiz um diário sobre meu sono e meus sonhos) eu tive experiências psíquicas bem intensas que parecem relacionadas a minha busca por sentido existencial... ao que tem valor para mim. E estas experiências as quais me refiro foram ruins, como tentarei explicar:

Numa noite dos meados de 2024 por exemplo, esforcei-me para manter-me consciente ao deitar-me... até quando conseguisse... e o resultado foi bem desagradável: Não parecia um mero sonho e sim minha essência ou eu mesmo deixando esta realidade corporal típica que percebemos sensorialmente. Tinha alguns aspectos de sonho como eu ter um "corpo" ao menos visivelmente, em aparência. Eu fui interagir com outros os quais nem me lembro porque uma coisa me chocou muito: Eu percebia meus próprios sentimentos e intenções com uma clareza que parecia mais nítida do que em vigília, e não gostei do que senti sobre mim mesmo! Não detalharei aqui por considerar um fato um tanto íntimo...

Mais ou menos na mesma época um sonho meu irrompe numa cena mais real do que minha atividade onírica dominante ou típica em maior parte de minha vida... Eu entrei em diálogo com uma colega de estudos e ela me falou de quantas vezes eu rejeitei ela... Aquilo martelou em minha cabeça como se fosse ela mesma falando comigo por algum meio telepático ou espiritual. Tal experiência trazia conteúdos que relacionavam-se com situações em que passei ao lado dela e que eu tinha dúvidas em meu estado de vigília. 

Por fim, numa experiência noturna mais recente, eu sonhei que acordei em meu quarto e olhei meus arredores. Eu não gostei nada do que eu vi e percebi que havia um culpado por aquela minha visão. Aí começou uma experiência que não era simplesmente um sonho: Eu "imaginei" o culpado em minha frente e ao imaginar, eu sabia que era mais do que uma imaginação. Eu invoquei o indivíduo, que tinha uma aparência praticamente irreconhecível porque ele apareceu sentado cabisbaixo em minha frente e utilizando um boné. Golpeei a face dele que parecia se deformar conforme meu punho violentamente a atingia e eis que ele reage saltando em minha direção e me enforcando. Eu acordei sentindo o ataque dele: nos primeiros centésimos ou décimos de segundos ao despertar parecia algo mais real como se eu acabasse de ser atingido. Me pergunto se a dor e o breve formigamento não teria relação com os campos eletromagnéticos de órgãos do meu corpo como os do cérebro ou do coração... Não terei a resposta tão cedo, já que a ciência dominada pelo biologismo despreza o estudo dos "campos em." do corpo humano. Nos segundos seguintes parecia mais aquela impressão psíquica mesmo... o susto passando e a dúvida surgindo.

Mas descrevi tais fenômenos não para buscar algo fantástico nem para meramente criticar o conhecimento humano até este ano de 2025, e sim para analisar a importância de meus sentimentos e  de meu sentido de vida...

Platão menciona a importância de orar antes da noite de sono, não por uma religiosidade cristã, mesmo porque o autor viveu na 'Grécia" 4 séculos antes de Jesus. O filósofo em sua obra "A República" indica que o anoitecer é um período onde podem surgir desejos ruins e recomenda a oração como algo auxiliar no combate a tais fenômenos. Certamente trata-se de orações racionais, não meramente mecânicas/ ritualísticas; a oração como exercício psíquico de desejar se afastar da mentalidade mesquinha, inconsequente, egoísta e/ ou desrespeitosa, enfim, afastar-se da mentalidade anti ética.

Mas porque à noite? Porque é quando o corpo precisa descansar... e a psiquê continua com algum nível de atividade. Independentemente se continua ativa "presa ao cérebro" ou se numa cosmovisão espiritualista como a de Platão, a psiquê se desprende do corpo, como em um estágio de "semi morte"... à noite colhemos as consequências mentais de nossas vivências durante o dia. Talvez na noite de sono somos lembrados de nossos valores, sejam individuais ou mais universais... 

Não se trata de afirmar que os sonhos são reveladores para todo o ser humano, mas sim de lembrar que, como qualquer atividade psíquica, eles podem indicar ou esconder nossas conquistas, dúvidas, expectativas, sentimentos e contradições. Por trás deles, nossa psiquê, seja mente ou espírito, continua existindo, pois continuamos a ter uma identidade, um histórico e um contexto. Continuamos presentes, seja onde e como for e se continuamos presentes, as coisas que fazem sentido para nós não desparecem e reaparecem do nada; Durante o sono e por trás dos sonhos em algum nível sabemos o quanto estamos próximos ou distantes do nosso sentido existencial.


Observações sobre Timeu; Parte 2

Continuo aqui as observações sobre a obra Timaeus ( Timeu ); (48) O astrólogo Timeu então diz que este universo ordenado (em que vivemos) na...