Breves Observações sobre Eutidemo (ou, Da Disputa)

Na obra Eutidemo (ou, Da Disputa) de Platão, o filósofo apresenta seu mestre, Sócrates, debatendo com 2 jovens sofistas "erísticos" e depois, dialogando com Críton: 

Críton indaga Sócrates, com quem ele estava conversando no dia anterior em um ginásio (Liceu), pois havia visto uma multidão em torno do filósofo ali naquele local. Sócrates então responde que dialogava com dois sofistas chamados Eutidemo e Dionisodoro e descreve como foi a discussão. Estes dois jovens sofistas são considerados “mestres” da erística, dominando a utilização e o jogo de palavras para calar adversários e causar confusão. Após uma longa discussão, os dois sofistas vão sendo desmascarados pouco a pouco, mostrando a si mesmos como falastrões que não apresentavam argumentos úteis a pessoa alguma. 

Posteriormente Críton diz que um senhor saiu da multidão do Liceu e criticou tanto os dois jovens sofistas (Eutidemo e Dionisodoro) como Sócrates, considerando os primeiros como dois inconsequentes e o segundo como tolo ao se dispor para discutir com eles. Este homem descrito como um sábio de brilhantes discursos por Críton, também teria mostrado desprezo pela filosofia. Sócrates então diz que há pessoas que vagam entre a política e a filosofia e julgam-se superiores por conhecer um pouco das duas áreas de conhecimento, sem se envolver em riscos e conflitos. Estas duas “artes” ou áreas de conhecimento são coisas boas em suas origens e em suas funções. Porém a pessoa que apenas vaga entre estas duas “artes” (sem se arriscar e/ou sem buscar o bem), busca confinar as pessoas que se dedicam à filosofia a uma posição nula, ou seja, procuram classificá-los como inúteis e agem de modo a impedir que os filósofos propaguem conhecimento. 

Assim, a obra de Platão mostra como Sócrates identificou dois tipos de sofistas: O primeiro grupo é dos erísticos - confiantes na capacidade de manipular palavras e frases, utilizam exageros, generalizações, distorções e mentiras para convencer ou calar outras pessoas. Assim, são propagadores de mentiras, falácias e principalmente de discórdia (daí o nome “erístico”, de Éris, deusa da discórdia na mitologia grega, contrária à Harmonia); 

O segundo grupo é dos sofistas que agem na legislação e nos tribunais, manipulando negociações, julgamentos, enfim, manipulando a política. Estes acabam agindo apenas em benefício de si mesmos e de quem os contrata. Sem se importar com justiça, equidade ou solidariedade, esses sofistas agem como mercenários manipuladores e individualistas que frequentemente buscam tirar proveito de situações e de pessoas.

 

 

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