A Busca pelo Bem; Uma Reflexão Filosófica e Autobiográfica

Introdução 

É preciso perceber a si mesmo para entender a si mesmo. Por muitos anos, quando pensei nisto, ocasionalmente, achei que era coisa simples: Qualquer um deveria entender a si mesmo desde que fizesse um mínimo esforço para não se deixar levar pela opinião dos outros. 

Mas a questão geralmente tende a ser bem mais complexa, porque não se trata somente de evitar ou aceitar opiniões alheias. Entender a si mesmo envolve questões sutis e que podem se acumular ao longo dos anos da vida. Estas questões sutis vão muito além de questões biológicas e de questões sociais mais fáceis de serem percebidas: Elas envolvem expectativas, preferências, crenças, interpretações dos fatos, valores individuais e o possível alinhamento destes com valores universais (sim, os valores que a pessoa tem para si mesmo e também são bons para todos os demais seres humanos ou seres vivos, por mais raro que isso pareça). A partir daí é nítido que conhecer a si mesmo envolve perceber sentimentos, pensamentos e desejos, envolve maneiras de entender a realidade (visão de mundo ou cosmovisão), intenções, noção de certo e errado, de bem e mal etc...

Tudo isto constitui a mente humana, ou a subjetividade dos indivíduos. Negar isto é absurdo. Todo ser humano tem uma mente ou subjetividade, seja chamada de qualquer um dos nomes que as diferentes abordagens da psicologia inventaram para ela. 

Sentimentos, pensamentos, lembranças, gostos, interpretações (etc) tudo isto faz parte de nós como seres humanos: São elementos que verdadeiramente nos constituem e têm uma conexão coesa entre si. Esta coesão não é sinônimo de perfeição nem é imutável: Ela varia conforme a fase de nossas vidas e também variam conforme nossas eventuais contradições, sejam elas breves ou duradouras. Apesar dos conflitos (internos e externos) nós somos esta conexão coesa de elementos psíquicos (mentais) e este conjunto, seja chamado de subjetividade ou qualquer outro nome, não está exclusivamente restrito ao sistema nervoso, ou alguma de suas partes ou a alguns de seus efeitos - Não há evidências que nossa identidade formada por esta coesão mental, subjetividade ou mente, seja meramente o cérebro. Não existe como provar a inexistência da mente, porque é anti científico provar a inexistência das coisas. É anti filosófico e anti religioso também. Provar inexistências é uma atitude da ideologia niilista, uma interpretação que restringe toda a realidade ao seu próprio ponto de vista limitado. Toda ideologia que está centrada na negação de alguma coisa não tem função criativa nem preservadora: é predominantemente destrutiva. Já expliquei sobre isto em diversos outros textos meus e deixo os links aqui para quem ainda não leu e se interessa pelo assunto: 

https://nea-ekklesia.blogspot.com/2023/11/filosofia-teoria-mente-corpo-e-o.html

https://nea-ekklesia.blogspot.com/2023/11/filosofia-teoria-mente-corpo-e-o_01035175189.html 

https://nea-ekklesia.blogspot.com/2023/12/filosofia-teoria-mente-corpo-e-o.html

Uma Auto Análise (e o Bem "finito") 

Começo então a analisar minhas condições mentais a partir de uma visão de mundo (cosmovisão ou pressuposto, paradigma etc...) que leva em consideração a importância dos sentimentos como algo além de meros efeitos "neuro/ eletro/ químicos" do corpo. Uma visão mais abrangente que considera a questão da relação da mente e o corpo ainda como em aberto com muita coisa a ser descoberta e que considera a possibilidade da alma e de fenômenos religiosos ou espirituais ainda a serem compreendidos. 

Este texto praticamente é uma continuação das duas primeiras partes deste outro: https://amorpelosabersaberamar.blogspot.com/2023/12/o-que-preenche-o-vazio.html, mas tentarei trazer um conteúdo independente aqui. 

Dos meus 33 anos de idade até por volta do meu 36º aniversário, era claro para mim que a coisa que mais fazia sentido neste planetinha chamado Terra era tentar praticar o bem. Isto ficou óbvio após eu estudar história no ensino médio (Jan Hus e as revoltas hussitas me fizeram separar os ensinamentos cristãos de todas igrejas, sejam elas católicas, protestantes/ evangélicas ou qualquer outra) e após estudar a história universal centrada em alguns personagens durante os meus "20 e poucos anos de idade". Tal modo de estudar a história deixou transparente para mim que os ensinamentos cristãos apesar de preciosos, estão longe de serem praticados pela maioria da humanidade e que os indivíduos fazem sim a história, não sendo meros joguetes de forças exteriores, sejam tais forças os eventos sociais, econômicos ou mesmo espirituais. Há uma interação entre indivíduo e estes outros fenômenos os quais não detalharei neste texto. Lembro-me que eu resumia meu pensamento sobre a humanidade com a seguinte frase: "Se todos ajudassem todos uns aos outros, todos problemas da raça humana acabariam". Simplório? Talvez. De viés cristão? Sim, por que não? Porém continuei com esta certeza durante minha fase ateísta. Sim, é possível passar por diferentes "visões de mundo" em nossas vidas: Dos meus 21 até os 37 anos eu não frequentava templo algum, não lia textos religiosos, exceto (em raras vezes) como curiosidade e em busca de narrativas complementares à história. Nesta fase de minha vida já considero útil aprofundar uma auto análise: Eu só fui ser coerente com a minha visão de que ajudar os outros era importante (praticar o bem) após me frustrar com a postura de meus compatriotas diante os problemas sociais e econômicos do Brasil. No meio de 2013, com 32 anos de idade, passei a ler sobre política e economia, assumindo minha ignorância até então: Eu sabia quase nada sobre o assunto e tinha anulado todos os meus votos até aquele ano (exceto uma vez que votei no Enéias). Eu não tinha remorso, orgulho ou vergonha disto: apenas entendi que eu anulava meus votos por não me interessar sobre a política e os assuntos correlacionados à ela, como a sociologia (sociedade, governo, direitos, infraestrutura etc), economia (história do dinheiro, interesse das maiores empresas nacionais e internacionais etc). Além de assumir minha falta de conhecimento até aquele momento, eu sempre buscava separar o conteúdo das matérias jornalísticas e investigativas, de suas narrativas, ou seja, eu buscava priorizar os fatos e a finalidade das matérias separando-as das maneiras de se escrever ou de contar os fatos. De modo complementar a isto, eu buscava checar as fontes (quem escrevia as matérias, qual profissional era, se pertencia a algum grupo de mídia etc). De fato isto toma tempo considerável, mas durante maior parte dos anos de 2013 e 2014 eu tive tempo para ler sobre nosso país porque eu estava desempregado. O resultado de minhas leituras foi obter algum entendimento de como os egoístas e gananciosos acumulam poder no mundo, principalmente poder econômico/ financeiro e como este poder superou os demais poderes (político, religioso, militar etc) principalmente no Brasil e em vários outros países do ocidente. Eis que, ao puxar assunto sobre tais temas demonstrando alguma preocupação com a sociedade (como coletivo), seja presencialmente ou pela internet, eu passei a ser chamado de vários adjetivos "curiosos", tais como: socialista, comunista, petralha, defensor do Lula (eu nem tinha votado nele ainda) e alguns outros deste tipo. 

Logo, em 2014 fui me cansando da reação bizarra destas pessoas que me classificavam assim. Em sua maioria eram de "classe média baixa", que na verdade são pobres quando comparados com os indivíduos com mais dinheiro no mundo (multimilionários, bilionários etc). Junto a este cansaço, por coincidência ou não, eu passei a ajudar mais algumas pessoas como consta no último texto citado (ver o link anterior). Hoje entendo como uma tentativa de realizar um sentido de vida, ou seja, de realizar coisas que faziam sentido, ao menos para mim. A ignorância das pessoas diante os problemas sociais e econômicos nem sempre vinham de algum viés liberal ou neoliberal, pareciam vir de outras características psíquicas ou valores, como por exemplo: busca por aceitação num meio "conservador", desinteresse, insensibilidade, sentimentos negativos em relação a determinados grupos (mulheres, negros, homossexuais, pobres ou quaisquer combinações destes) etc. Assim, embora o estudo e a razão devessem indicar um caminho (propostas sociais, econômicas etc) bom para a maioria das pessoas das nações, para mim ficou mais ou menos nítido que também haviam questões sentimentais envolvidas. Embora os sentimentos possam ser eventualmente estimulados através de emoções de modo coletivo, eles são predominantemente individuais, ou seja, subjetivos. Isto consolidava meu entendimento de que cada ser humano ajuda a construir a história, mesmo que seja em um cenário mais "micro" (individual, familiar, de pequenos grupos etc) do que "macro" (coletivo, nacional, mundial etc). Importante notar que a palavra subjetivo aqui é empregada em seu significado original, da filosofia e dos primórdios da psicologia (de Wundt, por exemplo): subjetivo é referente ao indivíduo, que não está naturalmente exposto: é interno de cada pessoa, como sentimentos, pensamentos, lembranças, imaginações etc. Diferente do objetivo, que refere-se a qualquer "objeto" perceptível na realidade exterior, observável no meio onde nos encontramos - no espaço tridimensional. 

Nos anos seguintes, cheguei a pensar então que, para se conhecer pessoas boas, bastava escolher as com uma razoável consciência social/ coletiva... Porém isto estava só parcialmente certo: Pessoas que demonstravam tal noção e/ou postura ainda podiam ser insensíveis em relacionamentos, vingativas, superficiais (demonstrarem preocupação apenas em discursos), ou mesmo vira-casacas. Não bastava racionalidade ou estudo para se preocuparem com o próximo, era preciso desenvolver a tal empatia, e só se desenvolve tal característica verdadeiramente, de modo individual, a um nível subjetivo. Não estou dizendo que consciência social não possa ser fomentada em grupos, como por exemplo, através de aulas, mas sim que há no mínimo um elemento individual mais profundo: uma sensibilização, ou um desenvolver da noção do bem (e consequentemente a "noção do mal"). Esta sensibilização dos indivíduos é emocional/ psicológica enquanto o desenvolvimento da noção do bem é ético/ filosófico.

Esta questão ética (do desenvolver a noção do bem, do que faz bem às pessoas) praticamente não é discutida em ciência alguma: Nem nas ciências humanas de nível coletivo, como a sociologia, nem nas humanas de nível individual, como a psicologia, porque esta última quase sempre temeu se tornar "moralista". A questão foi discutida na filosofia, sendo um dos seus principais expoentes, nada mais nada menos, do que o fundador da filosofia ocidental: Platão (embora Sócrates, mesmo preso à tradição oral, mereça crédito também). 

Mas voltando a minha "auto análise", até o ano mencionado (2014) eu mal fazia ideia do que era filosofia. O que vale mencionar sobre os anos seguintes, é que entre 2015 e 2016 me dediquei em nível considerável ao bem: Ajudei uma amiga em situação de abuso de substância e uma parente com grave problemas cardiovasculares, como mencionei no último texto linkado aqui. Durante este período (em 2016) tive uma estranha e vívida experiência que eu entendi como um êxtase (psíquico/ espiritual) - descrevi minha percepção e meu entendimento sobre o fenômeno noutro texto, cujo o link está mais adiante. 

 Ainda que tivesse me dedicado ao meu possível sentido de vida (conforme explica o neuropsiquiatra e logoterapeuta, Viktor Frankl, no livro "Em Busca de Sentido") eu estava em minha fase ateísta como já mencionei. Eu não era um anti-religioso, nem um "anti-Deus", mas não praticava espiritualidade alguma e mal pensava sobre o assunto. Isto realmente me colocava sob uma certa tensão projetada sobre meu futuro: Eu possivelmente realizava meu sentido de vida de maneira parcial ou incompleta, pois ajudar a minha parente era fácil, pois eu fazia por proximidade, por amor. Ajudar a minha amiga era mais desafiador, mas era algo que eu tinha certeza de que era certo: era o que faltava na humanidade e a postura que praticamente resolveria todos os problemas da humanidade se todos a assumissem. Mas e depois? E após possíveis separações? E após a morte? Mesmo tendo a experiência de êxtase mencionada há pouco, eu a achava muito distante e incógnita diante uma realidade "desanimadora" onde eu vivia. 

Eis então que decidi namorar, não a minha amiga que passara por uma situação de abuso de substância, mas outra moça que conheci através de um aplicativo. Uma pessoa certamente considerada "bem-sucedida" em nossa sociedade: trabalhava 3 dias por semana e tinha uma renda de aproximadamente 7 ou 8 salários mínimos. Saímos poucas semanas e começamos namorar... 

Os problemas de um relacionamento materialista 

Kaele (nome fictício), minha namorada de 2017, elogiava minha aparência frequentemente com comentários como: "lindo, lindinho, gostoso, cheiroso etc". Em pouco tempo de namoro, passei a frequentar a casa desta minha "ex" e logo reparei que não precisava de muito "clima" para fazermos sexo. 

Culturalmente, neste início de século 21, considera-se normal que durante os primeiros dias, semanas ou meses de namoro, o casal tenha interesse e facilidade para fazer sexo e para fazer com frequência elevada. A exceção são certos meios religiosos (não fui atrás de fontes, mas isto é bem óbvio) onde ainda prevalecem regras limitando certos atos sexuais somente para indivíduos casados. Particularmente não defendo nenhum destes 2 pontos de vista, pois entendo que eles não priorizam o sentimento e o diálogo entre o casal: O 1º prioriza o ato sexual entre o casal, ou seja, o mero prazer sensorial, enquanto o 2º simplesmente impõe regras através do medo, ditando o que é errado (pecado) e o que não é. Entendo que seja difícil discutir sobre atos sexuais por haver uma necessidade de uma postura crítica (construtiva) que não seja nem idólatra (objetificadora, sexista ou de culto ao sexo/ hiper sexualização) e nem condenatória (repressora, obscurantista ou reacionária). É um tema polêmico onde cada indivíduo possivelmente vai tentar defender sua opinião de o quanto e como os atos sexuais devem ser feitos, e tais opiniões e costumes foram afetados por uma banalização do sexo bem recente na história da humanidade ou por regras das religiões cristãs institucionalizadas há muito tempo na história.

A banalização é consequência de alguns movimentos sociais (principalmente do ocidente) dos anos 60 e 70 e das respostas dadas a estes movimentos pelos poderes políticos e econômicos (o psicólogo Rollo May, em seu livro Love and Will, aborda o assunto). O movimento que começou como uma "revolução do amor" (contra as guerras, o racismo e o machismo) acabou sendo transformado numa "revolução sexual", que, apesar de gerar um possível aumento da liberdade sexual, foi dando espaço ao sexismo como pode ser facilmente notado em várias propagandas e programas midiáticos dos anos seguintes, durante as décadas de 80 e 90...

Voltando ao meu relacionamento de 2017: Havia uma objetificação entre eu e Kaele, marcada por uma certa frieza, pois sentimentos raramente eram expressos e mal haviam emoções envolvidas antes, durante ou depois do ato sexual. É óbvio que muita gente faz sexo porque é sensorialmente prazeroso, porém vale lembrar que a objetificação do ser humano ocorre quando somos predominantemente ou totalmente objetivos nos atos sexuais e quando damos mais valor a tais atos do que aos sentimentos e ao diálogo respeitoso na relação. 

Hoje, 7 anos depois do namoro, entendo que fazíamos uma quantidade exagerada de sexo que não vale a pena ser detalhada por ser uma questão muito influenciada por opinião individual e pressão (opinião) social. "Eu e esta ex" tínhamos praticamente um estilo de vida hedonista. Nos 4 primeiros meses ela tinha muito mais prazer no ato sexual do que eu, mas nos 2 últimos meses ocorreu um equilíbrio, pois conforme fui aceitando e confiando na Kaele, fui relaxando e obtendo mais prazer no ato. Mas este "equilíbrio sexual" foi meramente sensorial, portanto fútil e objetificado, afinal, como já mencionado, havia pouquíssima expressão de bons sentimentos entre nós. 

Um dos aspectos mais importantes neste relacionamento foi: O que fiz de meu sentido de vida? O que eu buscava ou no que eu acreditava? Eu já apresentava uma dúvida em que rumo tomar na minha vida: Mesmo crendo e entendendo (n)a importância do bem, minhas decisões e ações indicavam algo diferente disto: Eu já não me empenhava em ajudar os outros, afinal passei a namorar e, com isso, ceder para algumas (ou diversas) solicitações e preferências da minha (ex) namorada, Kaele. 

Ela tinha uma vaga abertura a aceitar fenômenos espirituais ou sobrenaturais, mesmo afirmando ser materialista, pois para Kaele, assim como para muitas outras pessoas, imagino eu, era possível ter um estilo de vida materialista e não seguir uma visão de mundo materialista (vale lembrar que visão de mundo serve de base para pressuposto filosófico e paradigma científico, temas os quais abordarei mais adiante). Apesar da abertura, ela seguia seu estilo próprio de vida talvez um pouco consumista, porém mais hedonista, afinal como Kaele me contara, ela praticamente não recebeu afeto de seus pais desde a infância. A partir daí ficou nítido que ela dificilmente buscaria amor ou qualquer sentimento em um relacionamento, já que não teve parâmetros emocionais em maior parte de sua vida. Como eu adentrei tal relacionamento em dúvida como seguir minha vida, hoje, pouco mais de 6 anos depois, consigo perceber mais nitidamente que eu passara a contradizer o que fazia sentido para mim durante e algum tempo após o namoro: Eu havia me entregado a uma "vida sexual" hiper ativa e depois passei a valorizar a possibilidade de uma vida sexual bem ativa em relacionamentos futuros... E também passei a ter um pouco menos de paciência para ajudar outras pessoas. Esta perda da paciência para ouvir e ajudar os outros, possivelmente tem relação com o tempo em que "me entreguei" à vida sexual hiper ativa durante o namoro, ou seja, eu havia me entregado a uma vida hedonista, centrada nos prazeres sensoriais, principalmente do tato. Utilizo o termo "me entreguei", primeiramente porque tornei aquele estilo de vida um hábito - não só pela frequência alta de atividade sexual, mas passei a naturalizar e praticar a objetificação sexual do ser humano (olhar primeiro a "beleza" do corpo, priorizar sexo etc). Além disto, aceitar um estilo de vida com muito prazer sexual tem suas implicações neurológicas no organismo, pois o "hábito" aqui é em uma ação prazerosa. Os prazeres do tato (do sexo, por exemplo) e do paladar são certamente mais químicos do que prazeres baseados em outros sentidos, como a audição e a visão. Por exemplo, hoje eu sei, que existem transtornos psiquiátricos relacionados aos prazeres do sexo e do paladar: desejo sexual hiperativo (DSH), a velha "ninfomania", e transtornos alimentares, embora estes últimos possam ter outras causas, além do alto consumo de alimentos devido ao sabor destes. Hoje também, certamente a neurologia tem seus estudos sobre os prazeres, mas não tratarei desta área neste texto. Assim, se acostumar a uma grande quantidade de estímulos sexuais, de certa forma, é se aproximar de uma situação de "vício", mesmo que não chegue a um nível da pessoa ser "diagnosticada com desejo sexual hiperativo". Em toda situação de vício ou de abuso de substância certamente há um nível em que o indivíduo consegue se controlar, ou seja, utilizar sua força de vontade para resistir seu "objeto de prazer", assim como existem níveis que a situação é muito difícil de se controlar ou praticamente incontrolável. No meu caso eu tinha um controle razoavelmente bom diante possíveis classificações psiquiátricas, pois o pouco que vi sobre o DSH, a pessoa só é diagnosticada quando ela tem a vida (familiar, social e profissional) praticamente arruinada pelo transtorno. Ainda assim, consigo perceber que meu hábito comportamental sexualizado, de certo modo, diminuíra minha força de vontade. E força de vontade ainda é um assunto humano bastante subjetivo, pois é bem difícil de se analisar com precisão e sem vieses, pelo fato de depender de uma série de experiências históricas individuais e culturais, valores, sentimentos etc... 

Impacto 

De todo modo, após o término eu encontrava-me bem desanimado e desiludido, pois eu tinha perdido quase toda expectativa de encontrar uma companheira devido as minhas dificuldades econômicas (profissionais e financeiras) e mesmo fazendo psicoterapia, não acreditava numa possível melhora ou solução. 

E em concórdia com minha valorização de atividades sexuais, como já mencionei, eu havia passado a ter uma postura mais utilitarista das relações (namoros e afins), ou seja, uma postura objetificadora e sexista: Já que eu não conseguiria relacionamento afetivo porque imaginava que o interesse financeiro dominava na maioria das pessoas, passei a ver mulheres prioritariamente com base na possibilidade de obter prazer sexual... Sim, algo vergonhoso, insensível, desprezível etc - não me justifico aqui, apenas descrevo essa fase decadente de minha vida. Muita gente acha que sexismo é só a opressão sobre o sexo oposto, mas isso é uma visão incompleta e ingênua: O sexismo, seja na forma de machismo ou de qualquer outra forma, antes de mais nada é por o interesse no prazer sexual acima de tudo nos relacionamentos. Isto é ignorar a subjetividade do próximo; é desrespeitar e/ ou menosprezar seus sentimentos, suas lutas, dificuldades, valores etc. Levanto esta questão aqui não para expor minha vida, mas para mostrar como questões individuais são importantes e humanas. 

Se uma sociedade é utilitarista, ela torna-se escrachadamente materialista e portanto, sexista também seja em médio ou curto prazo. Na verdade para uma sociedade (estado, nação etc) tornar-se utilitarista, certamente o materialismo e ideologias similares como o niilismo, teriam de se propagar antes por suas elites (intelectuais, financeiras, políticas etc), afinal ideologias são mais facilmente espalhadas quando impostas de cima para baixo (dos poderosos para as classes mais baixas da sociedade), seja de maneira violenta ou de maneira enrustida. 

Certamente muita gente não vê problemas em minha postura (utilitarista/ sexista) neste período de 2 ou 3 anos, mas sei o que eu sentia e eu estava constantemente insatisfeito em vários aspectos, portanto, eu estava predominantemente infeliz, embora isso seja mais claro hoje, cerca de 6 anos depois. 

Da Crise existencial à espiritual 

Naquele período pós término (por volta de 2018) passei a me aprofundar em estudos pouco úteis como a hermenêutica da antiguidade clássica (uma visão mais materialista das mitologias) e comparações entre mitologias e algumas religiões. Além destes temas históricos também estudava história universal: encontrava mais conteúdo sobre guerras e disputas territoriais por recursos materiais e humanos do que qualquer outra coisa. Nada me trazia esperança nem renovava um sentido de vida para mim. Pelo fato de ler muito, outras pessoas poderiam pensar que eu estava interessado nos assuntos que eu estudava, mas aqui vem um dado intrigante: Lembro-me claramente de meu estado mental durante minhas várias horas de estudo: Se parecia com uma mistura de ansiedade ou uma vaga preocupação, com um medo sutil e uma fraqueza mental (lia muito, mas estranhamente com alguma preguiça ao invés de empenho ou gosto). Minha atenção era medíocre porque quase nada realmente me despertava um grande interesse e eu parecia um viciado em ler: começava a ler um artigo na Wikipedia (em inglês geralmente) e acabava lendo outros relacionados durante 7, 8 ou 9 horas por dia, mas quando não encontrava artigos relacionados, ficava "percorrendo em círculos" alguns artigos já vistos. Lia com a desculpa de estudar para o Enem e para trabalhar conteúdo de minhas jogatinas de Role Playing Game, mas uma parte significante dos textos de história e mitologia do que eu lia (30 ou 40%) não servia nem a uma coisa nem a outra. 

A partir de 2019 então, tive experiências horríveis de teor nitidamente espirituais: Nada do que eu senti durante tais experiências se pareciam com as poucas alucinações que tive em estados febris da minha infância e adolescência. Estas experiências não poderiam ser consideradas como produções do meu cérebro, mas explicar isto exige que eu as descreva, o que renderia um texto gigantesco que não escreverei por enquanto. 

Me sentindo predominantemente indefeso contra tais fenômenos, eu ficava frequentemente aterrorizado e quase sem conseguir dormir, passei então a procurar soluções em meios espirituais, como terreiros de umbanda e casas espíritas. Uma casa espírita me ajudou, mudando e de certa forma, diminuindo as experiências horríveis (classificadas como experiências mediúnicas, tanto pelos umbandistas como pelos espíritas). Esta mudança que ocorreu após o processo de desobsessão feito pela casa espírita foi a seguinte: um dos fenômenos que era uma nítida presença mental hostil à minha pessoa, deixou de se manifestar enquanto eu estava desperto, ficando restrita ao meu sono, mais especificamente a alguns sonhos. Mas, além disto, alguns dos integrantes da casa aconselharam-me a dedicar-me à espiritualidade (no caso, a espírita/ cristã, é claro). Com tal dedicação, progressivamente (quase que em etapas) fui me livrando de tais experiências e melhorando. Neste período cabe citar a segunda experiência de êxtase mencionada neste outro texto: https://novotemplodauniao.blogspot.com/2022/01/amor-nao-e-alucinacao.html 

Um caminho Filosófico e Espiritual 

A partir da última experiência de êxtase mencionada, a filosofia (de Platão e Sócrates) também passou a me ajudar mais. Já, as psicoterapias pouco ou nada me ajudaram, pois os psicoterapeutas não podiam (ou achavam que não deviam) adentrar problemas espirituais: No máximo tentavam trabalhar seus efeitos sem alcançar eficácia, porque grande parte das abordagens da psicologia (Behaviorismo, Terapia Cognitivo Comportamental, Psicanálise etc), do mesmo modo da "ciência mainstream/ tradicional", tratam os fenômenos espirituais como alucinações ou invenções dos pacientes. Não se trata de uma crítica geral à psicologia, longe disto; estudei psicologia e entendo a importância da psicoterapia para as diversas questões subjetivas do ser humano, porém é um apontamento de seus limites oriundos de seus respectivos pressupostos filosóficos. 

Mesmo porque nesta época, tive um relacionamento com uma moça umbandista que tinha grandes dificuldades em lidar com algumas de suas questões espirituais. Digo questões espirituais, porque ela mesma me contou que sofria com os fenômenos chamados de obsessão por sua religião. Tal fenômeno(s) teria(m) começado em uma de suas atividades no meio espiritual/ esotérico, mas ela contou-me que desistira de resolver através de tais meios e aceitou tratamento psiquiátrico (medicamentoso). Mantive contato com ela por 4 anos e ela não melhorou durante este período: Estava sempre ansiosa, nunca conseguindo relaxar por mais do que poucos minutos ao dia. Geralmente reagia com grande incômodo nas vezes em que eu sugeri soluções espirituais para este problema dela e ela mesma me sugeriu buscar tratamento psiquiátrico para meus problemas espirituais (as tais obsessões)... 

A verdade é que a ciência "moderna" é um método de construção de conhecimento predominantemente ocidental (surgido na Europa) que descobriu pouco sobre a mente humana, mesmo porque as frentes da psicologia que consideram a mente humana ainda competem com a medicina e frentes da psicologia de viés materialista que basicamente reduzem o assunto às questões neurológicas e eletroquímicas. Esta visão biologista das ciências humanas, seja da sociologia, da psicologia ou de qualquer outra, é perigosa pois já trouxe problemas para a humanidade como o Darwinismo social e a "farmacocracia"... Mas isto eu já abordei no 3º texto dos três primeiros links apresentados aqui. 

Vendo que minha "ex namorada umbandista" não apresentava melhora de seus respectivos problemas de origem espiritual e/ou esotérica através de anos de tratamento psicofármaco (psiquiátrico), eu recusei as sugestões que ela me fez. 

Uma etapa nítida de transformação no meu processo de melhoria, foi que as experiências horríveis que pareciam quase possessões (que o espiritismo e a umbanda chamam de obsessão) e ataques psíquicos e físicos (choques predominantemente à distância e empurrões) foram diminuindo e meu sono foi se tornando possível novamente, ainda que não alcançasse mais as 7 ou 8 horas "ideais". Durante o sono então, ao invés de ser violentamente acordado como antes, passei a ter a sensação real e nítida de discutir por várias noites. Tais discussões eram de "minha mente" com outras mentes (ou espíritos) que eu percebia durante o sono (mais raramente percebia de maneira vaga enquanto desperto). A partir daí passei a praticar eventuais diálogos mentais quando percebia estas "presenças" invisíveis, algo em que me baseei no Livro dos Mediuns e nas Revistas Espíritas Jornais de Estudos Psicológicos, ambas escritas por Allan Kardec durante o século 19. Não se trata de abraçar o espiritismo como uma religião, admirando ou idolatrando seus médiuns como se fossem santos, mesmo porque, o centro espírita mesmo, eu tive dificuldades em continuar frequentando por causa da pandemia entre 2020 e 2021 e por causa de minha divergência em relação as ideologias dos dirigentes do centro no início de 2022. 

Entre 2021 e 2022 passei a me dedicar à ações de auxílio social (solidariedade) no meu bairro e neste mesmo ano (2022) passei a estagiar (trabalhar) numa clínica para crianças autistas. Além de gratificante, entendo que isto me ajudou em algum nível, pois estava de acordo com meu sentido de vida e com o que entendi do cristianismo e da filosofia "socrática/ platônica". 

Por fim, percebi que meus estados mentais anteriores eram de grande sofrimento, seja durante minha "desilusão" enquanto ateu, meses após o término de 2017, ou durante minhas "obsessões" posteriores. Não só de grande sofrimento, mas também era um estado psíquico de um nítido afastamento de meu sentido de vida: O Bem é necessário e superior a todo interesse mesquinho ou ideologia reducionista dos seres humanos. É justamente esta superioridade do Bem que resolve os problemas da humanidade e que permite sonharmos com o futuro - é o que transcende a vida, seja num sentido psicológico/ filosófico ou espiritual! A dedicação ao bem me ajudou bastante, mas ela foi em relação ao meu entorno - foi predominantemente objetiva, ou seja, foi a aplicação do bem de maneira científica no meio externo/ social. Foi a aplicação prática e objetiva de um elemento estudado de modo prioritário pela filosofia de Platão e de um ensinamento espiritual de Jesus de Nazaré, o Cristo. Claro, que a respeito destas minhas experiências e explicações, um cientista poderia pensar: "Que absurdo, esse idiota recusou e criticou tratamento psiquiátrico e fala em Jesus Cristo, agindo como um religioso pseudocientista!" Mas faço minhas afirmações sem remorso, já que estudei o bastante sobre a história das ciências e da filosofia e disponibilizei os (três) links de (alguns dos) meus estudos no início deste texto. 

O Bem é infinito ou transcendente?

Para aprofundar minha prática e vivência no Bem então, me pareceu lógico entender sua natureza, mais especificamente sua profundidade e amplitude. E esta questão subjetiva que me pareceu relacionada ao que os ocidentais chamam de êxtase espiritual (ou místico), uma experiência a qual importa muito nossas intenções, nossos objetivos e o estado de nossa mente, de modo similar ao que alguns estudiosos dos efeitos de substâncias enteógenas/ psicodélicas, como Timothy Leary, Richard Alpert e Sidarta Ribeiro, chamam de "Set e Setting"... Mas este estado não é só uma mera condição temporária, é algo relacionado a intensidade e coerência, um nível de busca pelo bem, talvez. Também tem algum elo com o sentimento de esperança e/ ou de amor. Na verdade, se tratando de sentimento e de profundidade, me parece que o termo alma é mais apropriado do que mente quando falamos de êxtases espirituais. E aqui, as teorias e práticas espirituais do oriente, me ajudaram a entender a importância da busca pelo "Bem maior" e a profundidade da mente/ alma, indo além da maioria das práticas ocidentais. As práticas orientais, sejam de autopercepção ou meditativas, são budistas ou também podem ser as várias "yogas" do "hinduísmo".

Vale notar que as minhas "soluções" não foram exclusivamente de uma só filosofia ou uma só espiritualidade: é um árduo caminho contínuo por onde visitei diferentes espiritualidades. Um caminho objetivo e subjetivo (e talvez, "transjetivo"), num sentido de relação do meu interior com o exterior, mas não só um exterior no espaço tridimensional, mas também algo em uma dimensão mais real do que tudo que percebi até então... 

Aprofundar-se no Bem é praticá-lo não de modo superficial, mas com sinceridade e bons sentimentos, seja amor ou esperança... Esta sinceridade e bons sentimentos são internos de cada pessoa e não são mensuráveis, portanto estão mais para temas da filosofia e da espiritualidade do que para um tema das ciências (ao menos enquanto a ciência ser dominada por materialistas/ niilistas). O Bem como Platão indicava é uma idéia (ou eidos, forma) superior à realidade sensorial - é o que deveria reger a vida de todo ser humano. De acordo com o diálogo "O Banquete", os seres humanos amam variadas coisas, mas o que é mais digno de amor, ou o que é mais amável, é o Bem. 

Uma dúvida que me surgiu é: Se nos empenharmos no bem exterior (voltado ao outro) o quanto o "outro" vai reconhecer? O quanto vai colaborar ou se opor? Não podemos saber... só podemos fazer nossa parte ou não fazer... Se nos empenharmos em fazer o bem, não precisaremos de reconhecimento, mas uma oposição pode nos causar alguma dificuldade. Nestes casos de impossibilidade de se fazer o bem, me parece que surge a importância de nos voltar ao nosso bem interior. Cuidarmos de nós mesmos, principalmente da psiquê (mente/ alma) e esse cuidar, mais do que saúde mental é espiritual. Neste ponto a prece consciente / oração racional-emocional e a meditação me ajudaram a reencontrar meu sentido de que o bem é não só a atitude mais necessária na vida, mas também é a mais lógica. Sabendo de minhas possíveis limitações, busco o Bem maior, (maior do que geralmente consigo pensar e por em prática) que de certa forma é a lógica por trás de toda a existência e de todos os seres: Deus, (Brahman do hinduísmo), "o Cosmo" (o "vazio" do budismo?) , "o Todo" ou "Nous", a mente cósmica, entre tantos outros possíveis nomes... 

Mas por que insistir numa busca pelo bem? Muita gente poderia pensar: "basta resolver o problema que você tem, seja mental ou espiritual". Mas resolver "problema mental ou espiritual" não é bem o caso aqui. A questão espiritual, ao menos em meu caso, se trata de um assunto que envolve o sentido de minha vida - o que faz sentido. Não cabe um indivíduo ditar regra para qualquer outro, neste assunto, pois ele é consideravelmente interno de cada pessoa, ainda que se relacione com forças além do próprio indivíduo. E se há uma porção externa a cada pessoa, esta porção é sim ética, pois sendo externa é  social e mais coletiva do que individual, portanto a questão da prática e da difusão do bem torna-se necessária - nenhuma interação social dura se for egoísta, conflitiva, destrutiva etc...

Nesta questão menos individual/ interna do que é o bem, ou seja, a nível externo/ coletivo, acho útil lembrar que as religiões como conhecemos hoje, juntamente com seus dogmas e hierarquias, ainda seguem ditando regras da Idade das Trevas e da Era Medieval. Regras sobre a vida alheia, baseadas em costumes de 600 ou 700 anos atrás. Regras que deveriam ser revisadas numa busca de serem mais esclarecedoras e humanas. Afinal os ensinamentos sobre o bem estão registrados nos textos sagrados, que podem e deveriam ser lidos pelos indivíduos, sem que estes dependam de líderes religiosos como pastores, padres, bispos etc.

Também é útil lembrar que o sexismo disfarçado de liberdade sexual e o hedonismo (a priorização do prazer sensorial) não são tão naturais quanto parecem: Pessoas estúpidas ou egoístas existem há muito tempo, mas a níveis coletivos, tais atitudes e comportamentos só foram fomentados por movimentos bem recentes na história dos países do bloco capitalista (principalmente América e Europa ocidental) entre os anos 1960 e 1990. Bem-estar físico é bom porque temos corpos e o prazer pode servir como uma compensação temporária pelos momentos de dor que passamos, mas o bem como valor individual e coletivo é muito diferente de prazer e de dor, também não se limitando ao bem-estar físico.

Por fim, para adquirir e para construir conhecimento não é preciso ser materialista, mesmo porque isto nega a própria história da construção do conhecimento: Não é preciso desprezar questões abstratas como os sentimentos e a subjetividade, nem é necessário negar toda espiritualidade e religião - é preciso sim priorizar a ética, ou seja, o que faz Bem para todas pessoas e levar isto consigo, em mente, ou na alma. Neutralidade na ciência, na filosofia, na religião, na política ou na economia, é farsa. 

Ou você faz o bem, que é lógico e amável, ou você faz o mal, que é ignorante e doentio. Se fazer o bem for muito difícil ou complexo, ao menos tente, e se fracassar, você ao menos tentou fazer o que é melhor, mais amável e lógico - mais verdadeiro.

Conclusão

Como citei no início do texto, para entender a si mesmo, é preciso perceber a si mesmo: os sentimentos (que são internos e mais duradouros do que meras emoções), os pensamentos, o sentido etc. O que percebo de mim mesmo está ligado ao meu processo de desenvolvimento, minha construção como ser humano. Neste caso, afirmo: Eu nasci numa família com muito amor e isto é sentimento bom que eu senti claramente, independentemente das descrições de amor que existem "mundo a fora"; Este amor foi nítido principalmente na minha infância que eu resumo assim:

Mamãe me amou muito;

Meu pai sempre supriu a casa;

Meu irmão Lucas foi amigo, e quando fomos crescendo, ele foi sábio em vários momentos;

Meu irmão Plínio alegrou minha infância e me ajudou a ser mais expressivo;

Meu tio "Bão" fez brinquedos para nós e nos levava para passear;

Meu tio Hélio era engraçado;

Tive uma infância muito feliz e felicidade não se trata de mero prazer, pois é um estado "psico/ emocional" mais pleno, como por exemplo, viver o amor, pois a felicidade parece manifestação deste sentimento. Depois de ir crescendo, naturalmente encontrei dificuldades no convívio social, na adaptação à sociedade (estudos, trabalho etc) se comparado com a minha infância. Mas momentos tristes e/ ou difíceis fazem parte da vida e esta é um aprendizado... Por um outro lado, faz bem ser feliz e todos querem ser. Deve ser porque o Bem é uma manifestação de amor... e é o que há de mais amável.

Então perguntei-me alguma vezes: porque eu nasci em meio a tanto amor? Em meio ao que me faz bem? Só posso entender que é para amar e mostrar o que é o Bem. O quão importante ele é. Esse Bem é muito maior do que coisas pontuais da realidade. Esse bem não é mera opinião, ele É real. Sendo ele real, não devo simplesmente guardá-lo em minhas lembranças do passado, devo buscar viver o bem.

Compartilho estas reflexões não para simplesmente expor minha trajetória em busca de "espiritualidade e sentido", nem para me exibir, já que me considero bem deficiente nestas questões, com muito a melhorar. Tenho que aprender a amar mais para não cair em contradição e insignificância, enfim desenvolver minha psiquê no sentido mais amplo da palavra: alma e mente. Esse desenvolvimento inevitavelmente me move (ou deveria mover) rumo a busca pelo bem. Este bem é um (o) valor universal, comumente dividido em virtudes/ descrito como virtudes. E a virtude, sendo única, ou múltipla, não deixa de ser valor universal: ser bom perante todos, sinceramente buscar a melhoria de si e do entorno, sem forçar... Enfim trata-se de lições éticas e morais ensinadas por diversos indivíduos na história: Sócrates, Platão, Jesus de Nazaré, Sidarta Gautama entre outros...


 

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