Reflexões sobre Psiquê e Tempo; um esboço

Nas 3 primeiras décadas do século passado, a teoria da relatividade revolucionou não só a física, como possibilitou uma nova visão do universo: As teorias iluministas de Isaac Newton foram predominantemente superadas: o espaço e o tempo já não são separados entre si nem são absolutos, pois passaram a ser entendidos como vinculados um ao outro e relativos - apenas a velocidade da luz é absoluta. Além disto o espaço não é meramente composto por três dimensões (os clássicos eixos x, y e z), porque a explicação do espaço-tempo na teoria da relatividade se apoia na 4ª dimensão (calculada por Hermann Minkowski, e talvez por alguns cientistas antes dele). 

A gravidade já não deve ser mais entendida como uma força que puxa os corpos em sua direção; é o "espaço" que empurra os corpos. Assim, de certo modo, parece que tudo é movido por forças mais leves e mais integradas/ unas. 

Apesar dos avanços sobre o entendimento da realidade que nos cerca, possivelmente as explicações da teoria da relatividade ainda parecem complicadas e até exóticas para muita gente. 

Como assim, o espaço e o tempo não são absolutos? O que há além do espaço que nos cerca? Como não há uma força puxando a gente para o centro da Terra? Como pode haver algo empurrando os corpos ao invés de haver uma força puxando eles?

Como psicólogo em formação e designer, além de historiador amador, eu só posso buscar uma resposta mais filosófica sobre estas dúvidas. Não acho que a filosofia seja desprezível, longe disso: Ela nos permite buscar entender os fatos com o raciocínio, comparações e reflexões, ao invés de buscar evidências "materiais". Então o que posso dizer sobre o espaço-tempo e sobre a "gravidade não puxar" os corpos é o seguinte: Isto parece ocorrer porque o maior cerca e vai além do que é menor: A 4ª dimensão cerca e vai além da 3ª dimensão. O universo tridimensional é mais rústico e faz parte/ está inserido no quadridimensional. Bem como as sombras e imagens refletidas (bidimensionais) são fenômenos inseridos no/ parte do universo tridimensional, e não, o contrário disto. Estas devem ser características da lei natural de todas dimensões, portanto não se limitam só às forças perceptíveis pelos nosso 5 sentidos, afinal o tempo não é percebido por eles e sim por nossos processos cognitivos/ psíquicos: Nós percebemos o tempo, mesmo de olhos fechados, surdos e/ou sem utilizar tato, paladar e olfato. Nossa psiquê, seja mente ou alma, é o que há de mais sutil em nós, seres humanos: sentimentos e pensamentos devem interagir com o tempo/ com a 4ª dimensão - E entre os sentimentos, os mais leves são superiores, mais sublimes: o sentimento puro, por exemplo o amor mais puro, não deseja nada em troca: não deseja luxo nem prazeres, não oprime, nem se vinga (etc). Já o sentimento ruim pode ser comparado com movimentos de constrição, divisão, fragmentação, contração... São movimentos mais destrutivos, desagregadores, enquanto o sentimento positivo pode ser comparado com movimentos de expansão, união, integração, restauração, criação etc. É óbvio que durante a vida humana, nem tudo pode ser sentimentos positivos; dificuldades existem e às vezes sentimentos negativos devem ser expressos como parte de um processo que é viver. Mas também é óbvio que ninguém prefere uma vida com a predominância de sentimentos e emoções negativas: todos preferem os positivos, apesar de toda variância deles. Nesta comparação, a "superioridade" de determinados sentimentos (os positivos) não é linear, nem é constritiva, e sim, expansiva, libertadora e esperançosa. É mais verdadeira pois é mais universal por ser equivalente e comparável à 4ª dimensão: "cerca" (de permear, envolver sem pressionar ou contrair) e vai além (aumenta ou move-se possivelmente expandindo, como se fosse rumo a uma 5ª dimensão). 

O movimento do "universo 3d" simula isto, o que dá a impressão de expansão cósmica (ou "Big Bang"), mas os corpos tridimensionais não rompem o tecido/ curvatura espaço tempo rumo à 4ª dimensão: Considerando que o tempo seja a 4ª dimensão, e considerando a explicação da mente feita por Henry Bérgson, só nossos processos mentais/ psíquicos (como memória, sentimento etc) alcançam/ encontram-se com a 4ª dimensão como já mencionei. Isto faz sentido, já que os processos mentais (forças mais leves/ mais essenciais) não são percebidos sensorialmente, apesar de interagirem com nossos corpos nos processos psicossomáticos. 

A curvatura espaço-tempo, se é que este é o nome mais preciso, pode ser a forma do universo tridimensional, auto-contida como uma "esfera" "dentro" da 4ª dimensão (este é um exemplo hipotético, como mostrado no episódio 10 da série "Cosmos: A Personal Voyage"). Mas como o espaço empurra os corpos no universo tridimensional? Algo impalpável e indetectável move corpos perceptíveis? Seria isto distorção do espaço-tempo? Ou seriam campos? Se forem campos, são eletromagnéticos? Afinal todo corpo parece ter um campo eletromagnético, assim como todo átomo de todos os corpos tem um campo deste tipo. Neste quesito é preciso compreender a física e eu não me aprofundarei neste tema...

Fato é que não só os átomos dos corpos têm campos eletromagnéticos, mas os órgãos dos corpos dos seres vivos também têm. Ao menos alguns órgãos têm, como por exemplo, o cérebro e o coração. Estes campos não são obras do acaso e têm finalidade, interagindo com os corpos e trocando informações entre os órgãos e seus respectivos campos. Tais campos são naturalmente mais sutis do que os corpos em si: Em condições "normais" eles não são percebidos pelos sentidos humanos como o tato, paladar, olfato, audição e visão. Os campos eletromagnéticos dos órgãos do corpo humano são tão sutis que só foram descobertos entre 1960 e 1970, anos depois da descoberta de diversos outros campos eletromagnéticos. Os processos psico-emocionais do ser humano são transmitidos através de sinapses (sinais eletroquímicos no sistema nervoso do corpo) e também através dos campos eletromagnéticos dos órgãos. Mas tais fenômenos só passaram a ser estudados após 1990 e ainda existem dúvidas de como funciona a relação entre o não percebido sensorialmente (sentimentos, pensamentos, memória, cognição etc) e o que é percebido sensorialmente (o corpo, seus órgãos, fluídos, movimentos etc). 

Voltando à realidade em nosso entorno, a 4ª dimensão, mesmo provada matematicamente, também não é percebida sensorialmente pelo ser humano, ao menos não normalmente. Seria então o campo, como o eletromagnético, a força mais sutil que conecta a 3ª dimensão com a 4ª? Assim, os sentimentos mais puros alcançariam esta dimensão mais absoluta (a 4ª), onde nota-se forças mais leves, mais sutis, mais puras, como a luz (por exemplo), cuja tem a velocidade absoluta, diferentemente da relatividade do espaço... Mas se o tempo for a 4ª dimensão em si, os pensamentos, sentimentos, memória e outros processos mentais (psico-emocionais), já não entram em contato frequente com ela? Ou o tempo seria a porção mais sutil do espaço, não sendo percebido sensorialmente, mas só psiquicamente? Estas últimas observações indicam que a teoria da relatividade de Einstein não contraria em nada a explicação da mente de Bergson, mas ainda há algumas lacunas que talvez sejam descobertas por estudos transdisciplinares entre física e neurologia... Na verdade, se tratando dos campos eletromagnéticos do cérebro e do coração, existem coisas para serem descobertas na relação entre psicologia e física, porém considerando a opinião predominantemente materialista no meio acadêmico/ científico, a física vai ter que colocar a neurologia em seu devido lugar antes de alguém conseguir fazer estudos entre a psicologia e a física. Particularmente, já pensei brevemente em atuar nessas áreas intermediárias, mas antes temos muitos problemas éticos na sociedade: O próprio materialismo da academia indica não só que existem muitos cientistas presos a uma mentalidade dos séculos 17, 18 e 19, mas que há algo incentivando esse tipo de opinião extremista entre os estudiosos na nossa sociedade. E um dos possíveis motivos por trás disto é a utilização de uma opinião contrária ao materialismo para manipular massas e propagar obscurantismo: O fundamentalismo religioso usa argumentos supostamente espirituais para deixar multidões em estado de ignorância, paranoia, medo, intolerância etc (não que os líderes destas religiões realmente acreditem em espíritos ou em Deus). 

Enquanto houver extremismo nas relações humanas, certos temas humanos ficam realmente difíceis de se debater e esclarecer. Parece que nossa psiquê, seja cognição, mente ou alma, tem que evoluir não só racionalmente, mas também eticamente e empaticamente... para explicarmos sobre psiquê e as possíveis forças que se relacionam com ela.

 

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