Há quem só descanse no feriado e há quem comemore para comer farturas e trocar presentes.
Há quem vá encher a cara, ouvir música alta e/ ou se reunir com amigos ou família.
Há os que não têm condições de celebrar...
Há religiosos rigorosos que não gostam da comelância e há os mais relaxados.
Há ateus que festejam e há os que desprezam.
Há quem diga que natal é aquela data que se comemora a colheita antes do início do inverno, mas no hemisfério sul do mundo está começando o verão.
Há quem se lembre de um tal Papai Noel, uma versão mercantilizada e bem descaracterizada de São Nicolau, bispo que viveu na época do primeiro concílio de Nicéia por volta do século 3.
Há quem se lembre de Jesus. Mas se lembra do que de Jesus? De quais ou quantos ensinamentos?
Há quem diga que ele é Deus. Outros dizem que é o mais elevado espírito. Outros, o consideram um personagem histórico do século 1. E há quem acredite que ele nem existiu.
Desde que passei por experiências espirituais muito fortes há alguns anos, eu passei a reler os evangelhos os quais apresentam a história e feitos de Jesus. Dos quatro propagados pelas igrejas até alguns outros.
A leitura só confirmou algo que eu já entendia como uma obviedade desde minha adolescência ou juventude: Fazer o bem faz bem. Não um bem individual, para uma ou outra pessoa, mas um bem universal que é realmente bom para toda e qualquer pessoa. Ignorando o que outros acham sobre o assunto, eu tive variadas dificuldades de viver isso... o bem. Seja por preguiça, por mesquinharias ou por outros motivos.
Porém depois do que eu chamo de experiências espirituais, esse "negócio" de fazer o bem ficou sério. Na verdade urgente. E ainda que o bem ao qual eu me refira seja universal, eu falo de uma importância individual aqui, pois raramente eu poderia ou conseguiria convencer os outros a fazerem o bem.
Eu tive períodos egoístas em minha vida e não só em atitudes, mas também em mentalidade, pensamentos e sentimentos. Preciso compensar, mas não só isso, preciso viver a obviedade que Jesus ensinou: O bem é mais importante do que as preocupações mundanas.
Esse bem é essencialmente movido por amor como Jesus ensinou e esse amor não é só "gostar", é querer bem, é sentir... bom sentimento.
Muita gente não teve esse bom sentimento. Não teve amor durante maior parte de sua vida... Pessoas que não sentiram que alguém se importasse com elas.
Mais do que isso, quando falo em experiências espirituais, sinto mentes sem corpos: presenças, almas, enfim, espíritos, não importa o quanto digam que tais coisas não existam.
Não vou discutir existência aqui, pois isto faz parte da construção de conhecimento filosófica que anda bem desprezada hoje em dia.
Quando percebo tais espíritos, geralmente, mas não sempre, à noite e/ ou entre sonhos, sinto variados sentimentos, mas um dos mais comuns é discórdia. De certo modo tais experiências não diferem da minha realidade psicossocial: Eu me adapto mal à sociedade, seus costumes, seu mercado de trabalho etc. Me adapto mal ao sistema social e econômico que prioriza o ganho e acúmulo de dinheiro. Me adapto mal ao consumismo e à precificação de tudo. Me adapto mal à rotina de trabalhar pelo menos metade do tempo em que passo acordado.
Essa má adaptação não começou só depois de "minhas experiências espirituais" e sim há muito tempo, desde que terminei o ensino médio há mais de 20 anos.
As experiências espirituais só escancararam isso: O quão sem sentido é a rotina desse sistema social e econômico que começou a ser inventado no período das navegações das nações da Europa no século 16, foi consolidado com o liberalismo, o crescimento da monocultura e o crescimento dos bancos entre os séculos 17 e 18 e intensificado após a industrialização dos séculos 19 e 20.
É claro muita gente acha que esse sistema que começou com uma ideologia mercantilista, e se tornou capitalista, é natural e sempre esteve aí, só que não é: Existem povos indígenas da Oceania, da África, da América, do Ártico e da Sibéria que não vivem dependendo dessas invenções dos endinheirados da Europa, porém tais povos vem sendo atacados de variadas maneiras há séculos e por isso se tornam cada vez mais raros. Existiram povos que viviam do escambo na China até a expansão socialista do século 20 naquela região... Enfim, citei esses fatores externos/ sociais só para mostrar que adaptar-se a um sistema de regras sociais e econômicas dominante não é necessariamente lógico nem bom.
Mas a questão aqui tem fatores psíquicos e espirituais meus e isso tem relação com que eu citei anteriormente. Além da discórdia que parece ter essa relação com fatores sociais, eu sinto a dor da falta de viver o amor. Não exatamente a falta de ser amado por que eu fui muito amado e sei que Deus ama a mim e a todas formas de vida. Mas a falta de amar e expressar o amor - o bom sentimento. Este amor me parece ser muito mais o amor que Jesus viveu do que esses "amores" um tanto materialistas e voláteis da "modernidade". Esse amor me parece mais urgente de ser manifesto para aqueles que tiveram pouco ou nada dele em suas vidas - pessoas mais carentes do amor que faz bem a todos.
Quando sinto esta falta de amar é uma dor horrível, pois é mais do que psicoemocional: é no mínimo um vazio existencial... Algo que indica o quanto estou me contradizendo, errando e de certo modo... pecando.
Este pecado não parece bem aquele descrito por religiosos conservadores: é algo ligado a um sentido de vida ou uma busca espiritual...
O bom sentimento é tão importante quanto o sentido de vida e eles formam o que entendo por espiritualidade...
O amor de Jesus então é mais do que querer bem; é serenidade e esperança para todos e principalmente para os que mais precisam... e é sentido de vida.
Acho que se eu tentar descrever mais o que andei sentindo, este texto ficaria mais cheio de lamentações então o que devo fazer é desejar um feliz natal a quem ler isto aqui.
Feliz nascimento do amor. Feliz encontro com a serenidade e com a esperança... feliz encontro com um sentido de existir.
Feliz Natal ❤️
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