Breves observações sobre Sofista (Do Ser)

Platão mostra o diálogo entre Teeteto e um estrangeiro (sem nome), deixando Sócrates fora deste diálogo. 

Para explicar o que é um sofista, o estrangeiro aborda a questão do ser e do não ser. Embora mostre que é possível especular o que um sofista não é, ele recomenda a Teeteto (e outras pessoas) a não levarem investigações por este caminho, pois o “não ser” é predominantemente composto por contradições. Entende-se então que o caminho da investigação seja levantar as coisas que são. Ao expor o que são as profissões e os conhecimentos, por exemplo, será possível perceber que o sofista não pertence a tais classes nem tem tais conhecimentos, indicando que ele é praticamente uma farsa nas coisas que alega ser e saber. 

Esta ênfase em se levantar qualquer investigação e estudo baseando-se nas coisas que são e evitando trabalhar e/ ou apontar as que não são, é o caminho lógico para toda a construção de conhecimento - Não se investiga o que não existe, pelo simples fato de que tal coisa não existe. Como alguém poderia discorrer sobre o que não existe? Não poderia. 

A partir daí qualquer fato relatado deve ser investigado observando as coisas que são. Porém se o investigador/ estudioso/ pesquisador não encontra um determinado fenômeno relatado, ele, o próprio estudioso não é capaz de concluir se o fato relatado existe ou não. O fato relatado então, poderá ser investigado por outro estudioso/ pesquisador, quando houverem meios para se realizar tal pesquisa. Por esta razão é importante que o pesquisador/ estudioso (etc) tenha a postura da presunção da ignorância defendida por Sócrates e por Platão, pois assumindo-se como indivíduo que não conhece o assunto, ele não julga os relatos com um viés baseado em seus supostos conhecimentos, ou pior, com um viés baseado em preconceito, baseado em sua vaidade, orgulho, inveja ou qualquer sentimento negativo. Julgar um fenômeno relatado se baseando em preconceitos ou meras negações é prejudicar o próximo, como indica a própria etimologia da palavra "pre - judicar" (julgar antes, ou antecipar julgamento). 

Dentro deste tipo de campo a ser estudado, naturalmente se encontram temas relacionados às experiências mentais dos indivíduos: Tais experiências não são detectadas por métodos que utilizem meios sensoriais e/ ou que se apoiem na reprodutibilidade das experiências, é óbvio. Se tratam de experiências particulares e complexas que levam em conta toda a história do indivíduo, seus sentimentos, pensamentos, interpretações, gostos, valores, opiniões etc. A limitação do método sensorial para a construção de conhecimento é discutida na obra Fédon (ou Sobre a Psique).

 

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