Além disto, minhas dificuldades psicoemocionais/ espirituais destes últimos anos serviram para eu buscar o sentido de minha vida. Sentido este que estava completamente encoberto por minhas contradições, medos e até por algumas mesquinharias que eu tinha. O sentido de vida então não pode ser algo fugaz nem meramente material como juntar dinheiro, bens ou experimentar prazeres sensoriais - Trata-se de algo existencial que envolve manifestações psíquicas mais duradouras do que emoções: algo como bom sentimento; Às vezes é difícil, ao menos eu acho difícil lidar com a mediunidade e com os sentimentos que nem sempre são bons, pois ainda tenho que lidar com os sentimentos ruins; Apesar das dificuldades devo viver, pois sentido de vida não é meramente um objetivo ou um rumo; trata-se de ser, trata-se de viver genuinamente o presente... com esperança.
Psiquê, sentido de vida e mediunidade
Escrevo este texto após algumas reflexões sobre o que veio acontecendo comigo nos últimos 6 anos. São anotações mais para mim mesmo do que para outras pessoas, mas deixarei tais anotações expostas aqui neste blog por "tempo indeterminado"...
Seriam os pensamentos mundanos mais eletromagnéticos do que os éticos e espirituais? Penso isso pelo fato de me parecerem mais "grosseiros ou densos" do que a atividade mental entorno da solidariedade, da busca por viver valores universais…
Falando em valores universais, sobre este tema só consigo pensar em filosofia ou em espiritualidade então recorro a breves resumos sobre teorias destes dois aspectos:
Platão, em sua obra "A República" dividiu a psiquê em 3 partes:
a instintiva: dos apetites e necessidades mais básicas ligadas aos prazeres "afrodisíacos" e dos banquetes;
a da indignação (“thymous” e termos correlacionados a este) e dos impulsos sentimentais e desejos emocionais;
e a da razão, da busca pela sabedoria e das virtudes, da ética.
Os astecas em sua espiritualidade (ou religião) falam da alma em 3 partes do corpo: fígado, coração (alma), parte superior da cabeça (destino) de modo similar à Platão.
Tive algum tipo de "insight" ao pensar como se iniciaram meus problemas de "obsessão mediúnica" em 2019: naquela época eu me sentia deslocado/ solitário mas era muito sexista e meio que por consequência, hedonista. Também lia muito sobre mitologia e começava a ler sobre misticismo e então comecei a sentir o que eu chamava de “escorregão mental”. Na verdade era pior do que um "escorregão", porque era acompanhado de sentimentos externos horríveis como ódio, malícia e um desejo de me fazer mal. Externos porque notoriamente não eram meus sentimentos: pareciam tentativas de contato mental como se fosse telepáticos ou espirituais, porém sem me transmitir mensagem alguma.
Enfim, o assunto envolve algumas coisas íntimas, mas em suma eu pensava coisas erradas e isso devia atrair tais coisas ruins. Algumas semanas ou meses depois começarem as experiências ruins que me fizeram buscar ajuda espiritual; Excluindo a primeira delas, uma sensação horrível de arrombamento psíquico que me parecia algo como um espírito odioso tentando me possuir, muito do que senti além de intrusões mentais eram choques ou formigamentos em meu entorno que muitas vezes percorriam o espaço e me atingiam em variados pontos do meu corpo. Daí a percepção “eletro e/ ou magnética”... Às vezes essas "coisas" que percorriam o ar ou um campo (eletro)magnético perto/ em volta de de mim, causavam-me dor ao me atingirem e às vezes causavam alguma sensação mais química quando acertavam qualquer parte de meu sistema digestivo (boca, esôfago, estômago…)
No decorrer dos 4 ou 5 anos seguintes, conforme passei a me esforçar em melhorar moralmente/ eticamente e também passei a abandonar alguns gostos e desejos, eu obtive algumas melhoras e tais experiências diminuíram significativamente. Logo o sentido de vida mostrou-se intimamente ligado a tais fenômenos, os quais entendi como mediúnicos - A umbanda e o espiritismo me ajudaram a entender a situação geral muito melhor do que a ciência, pois esta última simplesmente alternava entre negar minhas percepções e classificar várias delas como meras alucinações. Alucinações estas, que de acordo com a ciência (psiquiatria e/ou neurologia), teriam causas variáveis e mal definidas, certamente classificadas com alguma razão (mas ambiguamente) de multi causais. Eu considero que já tive alucinações sim: Somente uma ou duas vezes em minha infância entre 1988 e 1990, quando fiquei febril devido a alguma doença (gripe acho eu): Tentando dormir em meu quarto eu olhava para porta entreaberta que dava no corredor do apartamento onde havia uma luz acesa. Eu suava enquanto ouvia minha mãe conversar com uma prima minha na cozinha. Com alguma sonolência, eu "vi" sem certeza alguma elas se aproximarem da porta aberta. No dia seguinte, já sem febre, perguntei à minha mãe, se ela e minha prima foram em direção ao meu quarto na noite anterior. Ela (ao lado de minha prima) respondeu-me que não.
Isso eu considero alucinação: Percepções sob um estado patológico e que são incertas, justamente por estarem relacionadas a algum mal funcionamento do corpo (do sistema sensorial ou nervoso, suponho eu, que não tenho conhecimento em medicina, mas tenho em psicologia, história da psicologia, filosofia, história da ciência e da filosofia).
Todo o espectro de fenômenos os quais a umbanda e o espiritismo classificam como relacionados ao que eles chamam de perispírito parecem ligados ao que entendi como eletromagnético… e de fato, em algumas publicações do espiritismo francês do séc 19, foi teorizado que o perispírito poderia ter ligação com o magnetismo e a eletricidade, ou seja, com o eletromagnetismo que ainda era desconhecido na época. Somente na década de 1960 foram descobertos os campos eletromagnéticos de órgãos do corpo e mesmo assim pouco foi estudado e descoberto sobre suas finalidades e causas…
Minhas melhores experiências desta categoria, sejam classificadas de místicas ou de mediúnicas, nada tiveram com sexismo ou hedonismo (na verdade estas foram em geral horríveis) - Elas tiveram relação com desejo sincero e felicidade por fazer o bem ao próximo e com implorar por esperança. O resultado destas duas atividades/ situações mentais minhas foi transcendental, ou seja, o que entendo como êxtase espiritual. Isso não quer dizer que eu tenha controle sobre tais experiências e imagino que um dos motivos disto seja o fato de envolver algo como "uma consciência ou existência" além desta na qual vivo "normalmente". Entre todas experiências espirituais ou mediúnicas que tive, estes êxtases foram as mais reais de todas. Inclusive foram mais reais do que meu estado de vigília comum aqui na Terra, embora me pareça fútil explicar tais fenômenos para quem não experimentou nada igual ou similar...
Já a última experiência ruim que tive foi na festa da virada de 2024 para 2025 junto a minha família e colegas… as nossas conversas giraram em temas cotidianos como trabalho e algumas futilidades (praticamente nada relacionado ao que faz sentido para mim) e após comer bastante e beber duas ou três taças de bebida alcoólica, fomos dormir. A experiência ruim que mostrarei a seguir tem muito mais a ver comigo do que com qualquer pessoa presente naquele evento: primeiro porque o que descreverei aqui ocorreu comigo em minha psiquê, segundo porque apesar da minha posição e relações (histórico e contexto), o evento trata de meu sentido de vida/ de existência: após um brevíssimo sono de menos de 5 minutos eu me vi voltando ao meu corpo numa aparente escuridão e ele estava imundo - essa "sensação" me pareceu tão real quanto meu estado de vigília, não sendo um mero sonho (embora mais uma vez, seria como falar com as paredes tentar explicar isso para quem não vivenciou etc...) Essa imundice era principalmente de 2 tipos: um campo que devia ser sutil em volta de meu corpo, mas estava denso ou pesado de alguma maneira; e algo mais psíquico como sentimentos e desejos ruins, estes, imagino que mais de outrem do que meus, porém irreconhecíveis - não os via como espíritos de conhecidos, no máximo eu “via” sombras ou vultos turvos me cercando de modo mais vago do que preciso. Enfim, a sensação foi semelhante a um pesadelo muito ruim, mas muito mais real, o que me fez acordar gritando - um grito que comecei sem meu corpo e terminei vocalizando através dele. Devido a tal situação, achei melhor voltar para minha casa naquela madrugada.
Não se trata de taxar pessoas (ou almas) pois essa minha percepção é intimamente ligada à minha psiquê e ao meu sentido, como eu expliquei. Entendo que na Terra não há definitivamente almas melhores ou piores, pois tudo está submetido ao tempo sendo mais momentâneo do que a realidade puramente psíquica. Neste ponto não me refiro a atividade mental cotidiana nem a uma suposta realidade espiritual genérica e sim à realidade puramente psíquica mais próxima do que Platão indica em algumas de suas obras: A realidade cognoscível que busca as virtudes, as essências ou o que é imutável (a ética, o espiritual que o autor chamava de daemons, ocasionalmente traduzido como divino). Sendo assim, tal realidade divina não se apega às coisas mais terrenas como prazeres dos “banquetes”... os prazeres aos quais me submeti àquela tarde/ noite. A (minha) mediunidade por fim mostrou-se uma hiper sensibilidade a tudo que se relaciona com minha psiquê: meu sentido de vida, o que eu faço, o que eu penso, desejo, o quanto me empenho em minhas conversas, atividades etc… No momento só posso tentar entender minha situação e os fenômenos percebidos por mim através de uma investigação filosófica, ou seja, por via de uma construção de conhecimento pelo diálogo (nem que seja comigo mesmo) e pela reflexão racional/ racionalização. Não vejo como pensar cientificamente sobre minha vida e meus desafios enquanto a ciência manter-se predominantemente reducionista e determinista. Enquanto essa ciência ignorar ou desprezar meus relatos, dando respostas arbitrárias com pré suposições distantes da ética e que ignoram particularidades, contextos sociais, culturais, existenciais e espirituais.
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